terça-feira, 20 de maio de 2014

Atividade para Adaptação

ATIVIDADES PARA PERÍODO DE ADAPTAÇÃO


Período de adaptação - "Nos conhecemos pelas mãos de Paulina"

Expectativas a serem alcançadas:

Que as crianças:
* Conheçam a sua sala e familiarizem com os objetos e os espaços da mesma;
* Iniciem a inter-relação com os colegas e professores de sua sala;
* Consigam separar-se progressivamente das mães ou familiares.
Objetivos:
* Oferecer à criança possibilidades de participar de brincadeiras de integração para que consigam gradativamente integrar-se com seus colegas e desenvolver-se junto a eles;
* Favorecer um ambiente facilitador e um clima afetivo que possibilite a criança sentir-se seguro e confiante.
Conteúdos:
 Área sócio-afetiva:
- Reconhecer e relacionar-se afetivamente com os adultos e com as crianças de seu grupo.
- Integração em seu grupo, reconhecendo a pertinência com o mesmo.
- Progressiva aquisição de alguns modelos, normas e atividades próprias do funcionamento grupal.
- Início da autonomia frente as necessidades individuais.
Área cognitiva:
- Expressão das necessidades, desejos, sensações, pedidos, interações através da linguagem verbal, gestual e de movimentos corporais.
- Exploração de materiais e ferramentas úteis para as atividades plásticas.
- Apreciação de contos, poesias, músicas de diferentes gêneros.
Área psicomotora:
- Conquista e prazer diante de um menor grau de dependência.
- Confiança em suas habilidades motoras básicas e aquisição de novas.
- Vivenciar e desfrutar do ar livre.

Estratégias Metodológicas:
- Acompanhar e amparar tanto pais quanto o grupo de crianças.
- Observar condutas grupais e individuais.
- Oferecer espaços para a exploração de brinquedos, jogos e distintos elementos.
- Utilizar recursos para entreter a criança durante a espera.
Atividades Propostas:
Duração aproximada: 2 semanas
Boas-vindas e apresentação da personagem da sala "A galinha Paulina", seguindo as pegadas e os cacarejos de nossa amiga chegarão ao local onde a encontrarão.
Atividades de rotina: fazer uma roda e cantar canções para cumprimentarem-se.
- Separar lenços para brincarem. Possíveis ações exploratórias: sentados, parados, passeando pela sala.
- Chamar a Paulina e cantar uma canção.
- Contar uma história onde aparecerão alguns animais amigos da Paulina.
- Saborear biscoitinhos preparados pela Paulina
-Desenhar com giz de lousa umedecido em leite açucarado a parte da história que mais gostou e depois expor na sala.
- Brincar com bacias de diferentes tamanhos transformando-as em distintos elementos e utilizando-as para passear pela sala.
- Fazer aparecer com a ajuda de palavras mágicas um trem de lenços (formar um trem amarrando as pontas dos lenços).
- Sair para um passeio por toda a escola cumprimentando todas as pessoas que encontrarem.
- Cantar a canção "Cabeça, ombro, perna e pé" e ir sinalizando com um lenço as partes destacadas.
- Pendurar os lenços em um varal com a ajuda da mamãe.
- Distribuir baldes e pás para brincarem junto com Paulina no tanque de areia. Fazer o trajeto cantando a música "O trem maluco...".
- As mães ficarão na sala criando com os lenços os amigos de Paulina e depois irão buscá-los no parque com a surpresa.
- Retornar a sala para brincarem com lençóis e com os animais criados pelas mães.
- Em roda apresentarão os amigos de Paulina criados pelas mães, dizendo qual é seu nome, o que gosta de fazer, o que gosta de comer, etc.
- Com caixas e lençóis as mães transformarão estes elementos em uma casa para o animal criado (cada uma deverá decorar a gosto).
- Distribuir bacias e brochas para brincarem com água no parque.
- Brincar com os amigos de Paulina em um grande lençol: brincar com fantoches de dedo.
- Forrar caixas com jornal e pintar com guache espesso utilizando os dedos.
- Passear com os animais em seus veículos pela escola, parando nas demais salas e cumprimentando as outras crianças e professoras.
- Comemorar o aniversário da Paulina na hora do lanche.
- Brincar com espuma de barbear sobre papel grosso.
- Trazer um boneco de casa e brincar com ele na escola e ao final banhá-lo com água e esponjas no parque.
Planejamento para as semanas seguintes (possíveis atividades):
- Brincar e explorar as distintas partes do corpo.
- Brincar de esconde-esconde com lenços transparentes e opacos, lençóis, papelão, etc.
- A professora irá se esconder e aparecerá com as palavras mágicas aprendidas.
- Ouvir histórias, poesias e versos observando as ilustrações.
- Brincar com bolhas de sabão  no parque, seguindo e pegando-as.
- Brincarem todos juntos com massinha.
- Brincar com caixas de papelão: fazendo cavalinho, criando caminhos, construindo tuneis e casinhas, entrando dentro e convidando o amigo para uma visita.
- Brincar com jornal.
- Brincar com bambolês, guizos, blocos de espuma, no tanque de areia...
- Colaborar com a professora na hora de organizar a sala.
- Brincar com a professora de música.

* fonte: Educação Infantil - o Guia da Professora/ Março 2008 - Editora Ediba

Saral Infantil

PROJETO - SARAU INFANTIL


Faixa etária : 4 e 5 anos

Conteúdo : Linguagem oral, leitura e escrita

Objetivos :- Ampliar o repertório de poesias conhecidas pela turma.
- Utilizar a linguagem oral, adequando-a a uma situação comunicativa formal.

Conteúdo :
- Comunicação oral.


Tempo estimado : Dois meses.

Material necessário:
- Filmadora
- Caixa de papelão
- Aparelho de som
- CD A Arca de Noé - Vols. 1 e 2 (vários intérpretes, Universal Music Brasil, 16 reais)
Livros
- A Arca de Noé (Vinicius de Moraes, 64 págs., Ed. Cia. das Letrinhas)


- Poemas Desengonçados (Ricardo Azevedo, 56 págs., Ed. Ática)


- Mais Respeito, Eu Sou Criança (Pedro Bandeira, 80 págs., Ed. Moderna)



FlexibilizaçãoPara ampliar a capacidade de comunicação e expressão de crianças com deficiência auditiva e auxiliá-las a utilizar libras, posicione as crianças em semicírculo no momento da leitura, para que visualizem o educador, os colegas e o intérprete. É importante que todos falem, um de cada vez, para facilitar a compreensão. Apresente os autores por meio de fotos e estimule a criança a declamar, em libras, poemas que já conhece. Você também pode declamar algumas poesias para servir como modelo de leitor. Explique a todos as etapas do projeto e apresente uma nova poesia às crianças a cada dia. Peça à criança surda que observe a expressão facial e os movimentos do corpo do intérprete quando este estiver declamando. Proponha que a criança leve um bilhete para casa pedindo que os pais escrevam uma poesia para ser apresentada aos colegas. Incentive a criança surda a participar da confecção da "caixa mágica" e explique que ali serão colocadas as poesias e os livros utilizados no projeto. Apresente à criança a poesia que ela irá declamar junto com dois ou três colegas. Convidar um surdo adulto para declamar na sala em libras para que a criança tenha outros exemplos também é uma boa alternativa. Filme a criança surda declamando com o seu grupo e num segundo momento retome o vídeo para que juntos possam ver o que precisa ser melhorado. No dia do sarau, é interessante que a poesia que será declamada em libras seja lida para a plateia. Registrar todos os avanços da criança é fundamental.


Desenvolvimento
1ª etapa

Pergunte quais poemas as crianças conhecem e estimule-as a declamar. Convide-as a conhecer outros, mostrando os livros selecionados. Leia em voz alta alguns deles, caprichando na entonação. Compartilhe a ideia de organizar um sarau de poesia e convidar os pais para assistir ao evento. Explique que para isso é preciso conhecer vários poemas e aprender a declamá-los.

2ª etapa
Apresente algumas faixas do CD de poesia musicada para familiarizar a turma com o gênero.

3ª etapaLeia para os pequenos todos os dias os livros escolhidos para o projeto. Converse com eles sobre as poesias e como se deve declamar, cuidando da entonação e da altura da voz, para que o público compreenda e ouça com clareza o que for dito. Como tarefa de casa, oriente que peçam aos pais para recitar e registrar por escrito poemas e versinhos que apreciem. Use a caixa de papelão para guardar os textos poéticos fornecidos pelos pais, os livros e o CD.

4ª etapa
Leia a poesia Bola de Gude, do livro Poemas Desengonçados, chamando a atenção da turma para a entonação, dicção e altura da sua voz. Proponha que a recitem coletivamente. Repita o procedimento com outros poemas. Use a filmadora para gravar esses momentos.

5ª etapa
Exiba o vídeo para que as crianças possam analisar como estão se saindo e em que precisam melhorar. Ajude-as apontando o que estiver adequado também.

6ª etapa
É hora de selecionar o que será apresentado no sarau. Pergunte às crianças quais são os textos prediletos delas e decidam se as declamações serão feitas individualmente, em duplas, trios ou grupos maiores. Convide as famílias para o evento.

7ª etapaEnsaie com a turma os poemas. Filme novamente e exponha as imagens para que todos possam se aperfeiçoar.

Produto final
Sarau infantil.

Avaliação
Observe e registre o avanço das crianças no que se refere à apropriação na forma de se expressar em situações de comunicação formal.




* fonte: Site da Revista Nova Escola

Entrevista sobre Alfabetização

ENTREVISTA - MAGDA BECKER SOARES


"LETRAR É MAIS QUE ALFABETIZAR"



Nos dias de hoje, em que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais centradas na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler eescrever, tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas contemporâneas. É preciso ir além da simples aquisição do código escrito, é preciso fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriar-se da função social dessas duas práticas; é preciso letrar-se. O conceito de letramento, embora ainda não registrado nos dicionários brasileiros, tem seu aflorar devido à insuficiência reconhecida do conceito de alfabetização. E, ainda que não mencionado, já está presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar, como constata a professora Magda Becker Soares, que, há anos, vem se debruçando sobre esse conceito e sua prática.
"A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita, não só na chamada cultura do papel, mas também na nova cultura da tela, com os meios eletrônicos", diz Magda, professora emérita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Se uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada", explica. Para ela, em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas quanto crianças das camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, vivem em ambientes de letramento.
"A diferença é que crianças das camadas favorecidas têm um convívio inegavelmente mais freqüente e mais intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita", diz. "É prioritário propiciar igualmente a todos o acesso ao letramento, um processo de toda a vida".
(ELIANE BARDANACHVILI)






- O que levou os pesquisadores ao conceito de "letramento", em lugar do de alfabetização?- A palavra letramento e, portanto, o conceito que ela nomeia entraram recentemente no nosso vocabulário. Basta dizer que, embora apareça com freqüência na bibliografia acadêmica, a palavra não está ainda nos dicionários. Há, mesmo, vários livros que trazem essa palavra no título. Mas ela não foi ainda incluída, por exemplo, no recente Michaelis, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa , de 1998, nem na nova edição do Aurélio, o Aurélio Século XXI , publicado em 1999. É preciso reconhecer também que a palavra não foi incorporada pela mídia ou mesmo pelas escolas e professores. É ainda uma palavra quase só dos "pesquisadores", como bem diz a pergunta. O mesmo não acontece com o conceito que a palavra nomeia, porque ele surge como conseqüência do reconhecimento de que o conceito de alfabetização tornou-se insatisfatório.



- Por quê?
- A preocupação com um analfabetismo funcional [terminologia que a Unesco recomendara nos anos 70, e que o Brasil passou usar somente a partir de 1990, segundo a qual a pessoa apenas sabe ler e escrever, sem saber fazer uso da leitura e da escrita], ou com o iletrismo, que seria o contrário de letramento, é um fenômeno contemporâneo, presente até no Primeiro Mundo.



- E como isso ocorre?
- É que as sociedades, no mundo inteiro, tornaram-se cada vez mais centradas na escrita. A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita, não só na chamada cultura do papel, mas também na nova cultura da tela, com os meios eletrônicos, que, ao contrário do que se costuma pensar, utilizam-se fundamentalmente da escrita, são novos suportes da escrita. Assim, nas sociedades letradas, ser alfabetizado é insuficiente para vivenciar plenamente a cultura escrita e responder às demandas de hoje.



- Qual tem sido a reação a esse fenômeno lá fora?
- Nos Estados Unidos e na Inglaterra, há grande preocupação com o que consideram um baixo nível de literacy da população, e, periodicamente, realizam-se testes nacionais para avaliar as habilidades de leitura e de escrita da população adulta e orientar políticas de superação do problema. Outro exemplo é a França. Os franceses diferenciam illettrisme muito claramente illettrisme de analphabétisme . Este último é considerado problema já vencido, com exceção para imigrantes analfabetos em língua francesa. Já illettrisme surge como problema recente da população francesa. Basta dizer que a palavra illettrisme só entrou no dicionário, na França, nos anos 80. Em Portugal é recente a preocupação com a questão do letramento, que lá ganhou a denominação de literacia, numa tradução mais ao pé da letra do inglês literacy .



- O que explica o aparecimento do conceito de letramento entre nós?
- Não se trata propriamente do aparecimento de um novo conceito, mas do reconhecimento de um fenômeno que, por não ter, até então, significado social, permanecia submerso. Desde os tempos do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o problema que enfrentávamos em relação à cultura escrita era o analfabetismo, o grande número de pessoas que não sabiam ler e escrever. Assim, a palavra de ordem era alfabetizar. Esse problema foi, nas últimas décadas, relativamente superado, vencido de forma pelo menos razoável. Mas a preocupação com o letramento passou a ter grande presença na escola, ainda que sem o reconhecimento e o uso da palavra, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.



- Como o conceito de letramento, mesmo sem que se utilize este termo, vem sendo levado à prática?
- No início dos anos 90, começaram a surgir os ciclos básicos de alfabetização, em vários estados; mais recentemente, a própria lei [Lei de Diretrizes e Bases, de 1996] criou os ciclos na organização do ensino. Isso significa que, pelo menos no que se refere ao ciclo inicial, o sistema de ensino e as escolas passam a reconhecer que alfabetização, entendida apenas como a aprendizagem da mecânica do ler e do escrever e que se pretendia que fosse feito em um ano de escolaridade, nas chamadas classes de alfabetização, é insuficiente. Além de aprender a ler e a escrever, a criança deve ser levada ao domínio das práticas sociais de leitura e de escrita. Também os procedimentos didáticos de alfabetização acompanham essa nova concepção: os antigos métodos e as antigas cartilhas, baseados no ensino de uma mecânica transposição da forma sonora da fala à forma gráfica da escrita, são substituídos por procedimentos que levam as crianças a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam na nossa sociedade tão centrada na escrita.



- Como se poderia, então, definir letramento?
- Letramento é, de certa forma, o contrário de analfabetismo. Aliás, houve um momento em que as palavras letramento e alfabetismo se alternavam, para nomear o mesmo conceito. Ainda hoje há quem prefira a palavra alfabetismo à palavra letramento - eu mesma acho alfabetismo uma palavra mais vernácula que letramento, que é uma tentativa de tradução da palavra inglesa literacy , mas curvo-me ao poder das tendências lingüísticas, que estão dando preferência a letramento. Analfabetismo é definido como o estado de quem não sabe ler e escrever; seu contrário, alfabetismo ou letramento, é o estado de quem sabe ler e escrever. Ou seja: letramento é o estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vive: sabe ler e lê jornais, revistas, livros; sabe ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de água, luz, telefone; sabe escrever e escreve cartas, bilhetes, telegramas sem dificuldade, sabe preencher um formulário, sabe redigir um ofício, um requerimento. São exemplos das práticas mais comuns e cotidianas de leitura e escrita; muitas outras poderiam ser citadas.



- Ler e escrever puramente tem algum valor, afinal?- Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente do letramento. Considero que é um risco o que se vinha fazendo, ou se vem fazendo, repetindo-se que alfabetização não é apenas ensinar a ler e a escrever, desmerecendo assim, de certa forma, a importância de ensinar a ler e a escrever. É verdade que esta é uma maneira de reconhecer que não basta saber ler e escrever, mas, ao mesmo tempo, pode levar também a perder-se a especificidade do processo de aprender a ler e a escrever, entendido como aquisição do sistema de codificação de fonemas e decodificação de grafemas, apropriação do sistema alfabético e ortográfico da língua, aquisição que é necessária, mais que isso, é imprescindível para a entrada no mundo da escrita. Um processo complexo, difícil de ensinar e difícil de aprender, por isso é importante que seja considerado em sua especificidade. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização e letramento, sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar letrando .



- De que forma?
- Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias. Se a criança não sabe ler, mas pede que leiam histórias para ela, ou finge estar lendo um livro, se não sabe escrever, mas faz rabiscos dizendo que aquilo é uma carta que escreveu para alguém, é letrada, embora analfabeta, porque conhece e tenta exercer, no limite de suas possibilidades, práticas de leitura e de escrita. Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita: substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola e na sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas de produção de textos.



- O processo de letramento ocorre, então, mesmo entre crianças bem pequenas...
- Pode-se dizer que o processo começa bem antes de seu processo de alfabetização: a criança começa a "letrar-se" a partir do momento em que nasce numa sociedade letrada. Rodeada de material escrito e de pessoas que usam a leitura e a escrita - e isto tanto vale para a criança das camadas favorecidas como para a das camadas populares, pois a escrita está presente no contexto de ambas -, as crianças, desde cedo, vão conhecendo e reconhecendo práticas de leitura e de escrita. Nesse processo, vão também conhecendo e reconhecendo o sistema de escrita, diferenciando-o de outros sistemas gráficos (de sistemas icônicos, por exemplo), descobrindo o sistema alfabético, o sistema ortográfico. Quando chega à escola, cabe à educação formal orientar metodicamente esses processos, e, nesse sentido, a Educação Infantil é apenas o momento inicial dessa orientação.



- O processo de letramento ocorre durante toda a vida escolar?
- A alfabetização, no sentido que atribuí a essa palavra, é que se concentra nos primeiros anos de escolaridade. Concentra-se aí, mas não ocorre só aí: por toda a vida escolar os alunos estão avançando em seu domínio do sistema ortográfico. Aliás, um adulto escolarizado, quando vai ao dicionário, resolver dúvida sobre a escrita de uma palavra está retomando seu processo de alfabetização. Mas esses procedimentos de alfabetização tardia são esporádicos e eventuais, ao contrário do letramento, que é um processo que se estende por todos os anos de escolaridade e, mais que isso, por toda a vida. Eu diria mesmo que o processo de escolarização é, fundamentalmente, um processo de letramento.



- Em qualquer disciplina?
- Em todas as áreas de conhecimento, em todas as disciplinas, os alunos aprendem através de práticas de leitura e de escrita: em História, em Geografia, em Ciências, mesmo na Matemática, enfim, em todas as disciplinas, os alunos aprendem lendo e escrevendo. É um engano pensar que o processo de letramento é um problema apenas do professor de Português: letrar é função e obrigação de todos os professores. Mesmo porque em cada área de conhecimento a escrita tem peculiaridades, que os professores que nela atuam é que conhecem e dominam. A quantidade de informações, conceitos, princípios, em cada área de conhecimento, no mundo atual, e a velocidade com que essas informações, conceitos, princípios são ampliados, reformulados, substituídos, faz com que o estudo e a aprendizagem devam ser, fundamentalmente, a identificação de ferramentas de busca de informação e de habilidades de usá-las, através de leitura, interpretação, relacionamento de conhecimentos. E isso é letramento, atribuição, portanto, de todos os professores, de toda a escola.



- Mas seria maior a responsabilidade do professor de Português?- É claro que o professor de Português tem uma responsabilidade bem mais específica com relação ao letramento: enquanto este é um "instrumento" de aprendizagem para os professores das outras áreas, para o professor de Português ele é o próprio objeto de aprendizagem, o conteúdo mesmo de seu ensino.



- Muitos pais reclamam do fato de, hoje, os grandes textos de literatura, nos livros didáticos, darem lugar a letras de música, rótulos de produtos, bulas de remédio. O que essa ênfase nos textos do dia-a-dia tem de positivo e o que teria de negativo?
- É verdade que o conceito de letramento, bem como a nova concepção de alfabetização que decorre dele e também das teorias do construtivismo que chegaram ao campo da educação e do ensino nos anos 80, trouxeram um certo exagero na utilização de diferentes gêneros e diferentes portadores de texto na sala de aula. É realmente lamentável que os textos literários, até pouco tempo atrás exclusivos nas aulas de Português, tenham perdido espaço. É preciso não esquecer que, exatamente porque a literatura tem, lamentavelmente, no contexto brasileiro, pouca presença na vida cotidiana dos alunos, cabe à escola dar a eles a oportunidade de conhecê-la e dela usufruir. Por outro lado, tem talvez faltado critério na seleção dos gêneros. Por exemplo: parece-me equivocado o trabalho com letras de música, que perdem grande parte de seu significado e valor se desvinculadas da melodia: é difícil apreciar plenamente uma canção de Chico Buarque ou de Caetano Veloso lendo a letra da canção como se fosse um poema, desligada ela da música que é quem lhe dá o verdadeiro sentido e a plena expressividade. Parece óbvio que devem ser priorizados, para as atividades de leitura, os gêneros que mais freqüentemente ou mais necessariamente são lidos, nas práticas sociais, e, para as atividades de produção de texto, os gêneros mais freqüentes ou mais necessários nas práticas sociais de escrita. Estes não coincidem inteiramente com aqueles, já que há gêneros que as pessoas lêem, mas nunca ou raramente escrevem, e há gêneros que as pessoas não só lêem, mas também escrevem. Por exemplo: rótulos de produtos são textos que devemos aprender a ler, mas certamente não precisaremos aprender a escrever. Assim, a adoção de critérios bem fundamentados para selecionar quais gêneros devem ser trabalhados em sala de aula, para a leitura e para a produção de textos, afastará os aspectos negativos que uma invasão excessiva e indiscriminada de gêneros e portadores sem dúvida tem.




- A condução do processo de letramento difere, no caso de se lidar com uma criança de classe mais favorecida ou com uma de classe popular?- Em sociedades grafocêntricas como a nossa, tanto crianças de camadas favorecidas quanto crianças das camadas populares convivem com a escrita e com práticas de leitura e escrita cotidianamente, ou seja, umas e outras vivem em ambientes de letramento. A diferença é que crianças das camadas favorecidas têm um convívio inegavelmente mais freqüente e mais intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita do que as crianças das camadas populares, e, o que é mais importante, essas crianças, porque inseridas na cultura dominante, convivem com o material escrito e as práticas que a escola valoriza, usa e quer ver utilizados. Dois aspectos precisam, então, ser considerados: de um lado, a escola deve aprender a valorizar também o material escrito e as práticas de leitura e de escrita com que as crianças das camadas populares convivem; de outro lado, a escola deve dar oportunidade a essas crianças de ter acesso ao material escrito e às práticas da cultura dominante. Da mesma forma, a escola que serve às camadas dominantes deve dar oportunidade às crianças dessas camadas de conhecer e usufruir da cultura popular, tendo acesso ao material escrito e às práticas dessa cultura.



- Como deve ser a preparação do professor para que ele "letre"? Em que esse preparo difere daquele que o professor recebe hoje?
- Entendendo a função do professor, de qualquer nível de escolaridade, da Educação Infantil à educação pós-graduada, como uma função de letramento dos alunos em sua área específica, o professor precisa, em primeiro lugar, ser ele mesmo letrado na sua área de conhecimento: precisa dominar a produção escrita de sua área, as ferramentas de busca de informação em sua área, e ser um bom leitor e um bom produtor de textos na sua área. Isso se refere mais particularmente à formação que o professor deve ter no conteúdo da área de conhecimento que elegeu. Mas é preciso, para completar uma formação que o torne capaz de letrar seus alunos, que conheça o processo de letramento, que reconheça as características e peculiaridades dos gêneros de escrita próprios de sua área de conhecimento. Penso que os cursos de formação de professores, em qualquer área de conhecimento, deveriam centrar seus esforços na formação de bons leitores e bons produtores de texto naquela área, e na formação de indivíduos capazes de formar bons leitores e bons produtores de textos naquela área.



(Jornal do Brasil - 26/11/2000)





Entrevista sobre Matemática na Educação Infantil

ENTREVISTA: PRISCILA MONTEIRO FALA SOBRE A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

 MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL







A educadora Priscila Monteiro fala da importância do trabalho com matemática no ensino infantil. Ela diz que nessa fase a disciplina estrutura conceitos que serão desenvolvidos futuramente



A educadora Priscila Monteiro é assessora de redes públicas e escolas particulares para o trabalho com matemática na educação infantil, trabalha na organização Alfabetização Solidária e fez parte da elaboração dos RCNEI (Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil) em Matemática. Na entrevista, ela fala da importância da disciplina na educação infantil. Priscila
destaca o papel da matemática no desenvolvimento do potencial argumentativo dos alunos e afirma que os professores precisam levar em conta os conhecimentos que as crianças adquiriram
fora da escola, em suas famílias, nos jogos, na TV, por exemplo.


DIÁRIO NA ESCOLA – Deve haver trabalho com matemática na educação infantil?PRISCILA – As crianças, desde bem pequenas, pensam sobre o mundo que as cerca e procuram compreendê-lo. Um trabalho intencional com as áreas de conhecimento, entre elas a matemática, contribui para que as crianças elaborem e sistematizem conhecimentos. No entanto, é importante considerar que a educação infantil engloba o período de zero a 6 anos, portanto é necessário se ter em conta as características próprias das crianças de cada faixa etária, suas necessidades, prioridades e sua forma de conhecer o mundo. Na prática, no início, as crianças devem ter uma aproximação global com os conteúdos. Não se trata de trabalho matemático, mas atividades com calendários, com músicas que veiculam séries numéricas. Até com bebês, é possível desenvolver uma consciência espacial que é a gênese do trabalho com matemática. Com
bebês, a ocupação do espaço, estar em berços ou circular pelo chão, são noções que ajudam posteriormente a fundamentar a geometria. Há pesquisas realizadas por educadores portugueses que afirmam que a mulher tem mais dificuldade nessa fundamentação porque brinquedos infantis para meninas são parados, exigem menos movimentos que as bolas, carrinhos e brincadeiras dos meninos. Os professores precisam ter consciência disso.



DIÁRIO NA ESCOLA – Como deveria ser feito esse trabalho?
PRISCILA –O trabalho didático deve necessariamente levar em conta a natureza do objeto de conhecimento e o processo pelo qual as crianças passam ao construí-lo. Por um lado, é importante que a escola trabalhe com os conhecimentos matemáticos tal como aparecem nas práticas sociais, o que significa dizer, trabalhar desde sempre (com crianças bem pequenas) com conteúdos bastante complexos. Sabemos que as crianças constroem seus
conhecimentos matemáticos por meio de sucessivas reorganizações ao longo das suas vidas. Elaboram uma série de idéias e hipóteses provisórias antes de compreender um objeto em toda sua complexidade. Nessa abordagem, complexidade e provisoriedade são didaticamente inseparáveis. O professor precisa levar em conta os conhecimentos que as crianças adquiriram fora da escola (em suas famílias, nos jogos, na TV...), propondo-lhes situações de aprendizagem nas quais precisem utilizar esse conhecimentos para construir novos. Ao invés de esperar respostas imediatas no início das atividades coletivas, o professor precisa dar tempo para que as crianças pensem - individualmente ou em pares - precisa retomar as idéias expressas pelas crianças para que seus companheiros possam pensar sobre elas e devolver ao grupo - em forma de problemas a resolver - afirmações feitas só por algumas crianças.




DIÁRIO NA ESCOLA – Qual a maneira de colocar os conhecimentos em ação?
PRISCILA – Respeitar o que as crianças sabem é colocar esses conhecimentos em ação. Como sugestões práticas de atividades, o educador pode procurar selecionar para as crianças músicas que intencionalmente veiculem séries numéricas. Pode propor circuitos de movimento que promovam a aproximação global. Com isso, as crianças começam a entender a complexidade dos
conteúdos.




DIÁRIO NA ESCOLA – A forma como se trabalha matemática na Educação Infantil, atualmente, está longe da ideal?PRISCILA –O principal caminho para um bom trabalho em matemática na educação infantil é a formação continuada de professores. Cada vez mais, as propostas de formação de professores tem se voltado para a demanda dos próprios professores. Eles querem ajuda para responder aos problemas que enfrentam no dia-a-dia. Na maioria das vezes, estes problemas estão vinculados ao ensino ou à aprendizagem escolar de determinados conteúdos. Dentre eles, conteúdos matemáticos. Partindo de sua própria prática e refletindo sobre ela os professores podem de fato aprimorá-la, na direção da melhoria da aprendizagem das crianças. Outra questão que deve ser
destacada é que existem pesquisas didáticas sobre matemática e educação infantil que são ignoradas. Há um movimento já de 20 anos, na França, que um grande número de pessoas não conhece. É necessário que haja uma apropriação deste conhecimento. Os RCNEI (Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil) são um caminho, pois estão amparados nessas pesquisas.


DIÁRIO NA ESCOLA – Qual a finalidade de desenvolver a disciplina no infantil?PRISCILA – Fundamental para estruturar um trabalho futuro. A gênese do que acontece com bebês é diferente quando eles são deixados no berço, no quadrado, de quando eles podemengatinhar pelo espaço. A experiência que a criança tem em relação aos números também estrutura um trabalho posterior. As crianças devem ser estimuladas a estabelecer relações. Por exemplo, um aluno sobe na balança e se confunde: ‘deixe ver quanto eu custo?’, ‘34 ou 43 são diferentes?’ Estes questionamentos e as respostas a eles são condições estruturantes para trabalhos com cálculos mentais que serão feitos mais para frente. Portanto, é fundamental um trabalho consistente na educação infantil que embase os conhecimentos que serão aprofundados mais tarde.

DIÁRIO NA ESCOLA – Quais conteúdos devem ser trabalhados no infantil?PRISCILA – Os RCNEI propõem a organização dos conteúdos em matemática da seguinte maneira: números e sistema de numeração - envolve contagem, registro de quantidades próprios das crianças, série numérica convencional. É importante, por exemplo, introduzir na sala de aula a numeração escrita tal como ela é, e trabalhar a partir dos problemas inerentes à sua utilização grandezas e medidas espaço e forma .

DIÁRIO NA ESCOLA – O objetivo do trabalho com matemática na educação infantil é uma preparação para o fundamental?PRISCILA – Nenhum segmento da educação deve ser considerado como preparatório para o posterior. A educação infantil precisa ser valorizada como um direito em si, o que implica em formulação de políticas públicas para garantir o acesso e o ensino de qualidade para todas as crianças nesta faixa etária. Falar em ensino de qualidade significa assumir compromisso com a aprendizagem das crianças. Desta forma, podemos dizer que os conteúdos matemáticos trabalhados na educação infantil deveriam ser estruturantes para os trabalhados no ensino fundamental, mas não preparatórios.

DIÁRIO NA ESCOLA – A matemática no infantil pode ajudar a desenvolver o conceito de cidadania nas crianças?PRISCILA – Com o desenvolvimento da consciência matemática, os pequenos podem, por exemplo, questionar quanto um determinado produto custa. Esta pesquisa de preços e a conseqüente comparação de números, têm um objetivo social: o aluno passa a entender o que é mais barato, mais caro e descobre como o sistema se organiza. Além disso, nessa fase em que as crianças ainda não sabem comparar, dentro de uma prática de uso social, elas podem aprender porque um número é maior que o outro. Porém o que considero mais importante para o conceito de cidadania, é a utilização da matemática para desenvolver o potencial argumentativo dos alunos. Para isso, a disciplina não pode ser vista só como uma ciência exata e absoluta do dois mais dois dá quatro. Os professores precisam provocar as crianças para que elas saibam argumentar e consolidar um conhecimento.

DIÁRIO NA ESCOLA – Pode exemplificar?PRISCILA – Quando o aluno do infantil tem que anotar uma determinada quantidade de coisas ele não usa a escrita de numerais, desenha pauzinhos, risca palitinhos. O educador quer que ele use o numeral 5, pois é mais econômico, porém para a criança é mais coerente usar cinco marcas que um número só. Isso tem uma lógica grande, como cinco coisas podem ser representadas por um número apenas? Para que a criança evolua, a atividade deve criar um problema para o
registro dela. O professor pode pedir que ela registre, 105 coisas. As marcas, palitinhos, pauzinhos, não são eficientes neste caso pois seriam muitos. Um número é mais rápido. É interessante que isso aconteça para que professores e crianças discutam e argumentem. Essa argumentação é a grande formação de cidadania: pensar e refletir para validar respostas e conhecimentos, não apenas pedir que o aluno aceite. Nós decoramos a propriedade que diz que a
ordem dos fatores não altera o produto. Mas esse conhecimento é sem valor se não for a conclusão de algo que se construiu, que levou o aluno a entender que dois multiplicado por três é a mesma coisa que três multiplicado por dois. Essa é a conclusão de um conhecimento construído por outro que não deve ser ensinada e nem aceita como um conhecimento pronto. Alunos e professores devem ter argumentos para respaldar os caminhos da matemática. esse exercício é
fundamental para formar cidadãos que saibam questionar fatos, determinações, deveres e que saibam argumentar sobre seus direitos.


* fonte: DIÁRIO DO GRANDE ABC - 14/11/2003

Projeto de Leitura em Sala de Aula


LEITURA DE UM CONTO DE FADA PELO PROFESSOR
PARA QUE A CLASSE AMPLIE O REPERTÓRIO E COMPARTILHE
IDÉIAS SOBRE O TEXTO COM SEUS PARES


Condições Didáticas Gerais• Realização de situações em que o professor compartilha e explicita os diferentes aspectos do seu comportamento leitor;
• Realização de situações de escuta atenta de textos lidos em voz alta;
• Realização de situações em que os alunos se sintam autorizados a construir suas próprias interpretações de forma autônoma sem interferência ou condução da interpretação do professor;
• Realização de leitura do texto integral, sem resumi-lo ou simplificar o vocabulário;
• Realização de momentos de discussão, a partir da escuta de textos em voz alta, em que tenham que dar suas próprias opiniões.


Condições Didáticas Específicas• Realização de situações de escuta de contos de fada que favoreçam a troca de opiniões com seus pares num clima de respeito;
• Realização de diferentes situações de contato com o gênero conto de fadas através da audição de CDs, leitura do próprio aluno, recontos, leitura de várias versões.


O que considerar para planejar
• No planejamento dessa situação didática o professor:
• Seleciona o texto que será lido em função do objetivo que se tem e dos conhecimentos prévios dos alunos que serão úteis para sua compreensão;
• Seleciona textos de qualidade literária, que possibilitem o resgate da seqüência, do encadeamento de seus acontecimentos e da apropriação de recursos próprios e características dos contos;
• Prepara a leitura em voz alta de forma a garantir uma boa compreensão dos ouvintes;
• Planeja a situação selecionando, previamente o texto marcando os recursos lingüísticos que enriquecem a história: dando entonações em determinadas passagens, fazendo as vozes dos diferentes personagens, interpretando os sentimentos dos personagens (tristeza, alegria, raiva) além de garantir uma boa fluência da leitura;
* Define as informações que deverão ser apresentadas antes da leitura;
• Antecipa algumas intervenções que favoreçam a participação ativa dos alunos; elabora previamente perguntas, comentários e observações a serem feitas durante e após a leitura, antecipando possíveis dúvidas que o texto possa suscitar;
• Antecipa dúvidas que possam surgir, elencando relações que podem ser estabelecidas, elaborando questões que permitam aos alunos ampliar seu universo de conhecimentos sobre o gênero desafiando-os a pensar, emitir opiniões e estabelecer relações;
• Define como irá mostrar as ilustrações: se isso acontecerá durante a leitura, após a leitura ou por meio de pausas feitas para este fim;
• Arruma o espaço e define o posicionamento do professor e alunos de forma a garantir uma boa audição, visibilidade do professor e uma interação prazerosa e confortável.
Intervenções que podem ocorrer durante a aula:
• Ao apresentar o texto a ser lido, o professor situa os alunos em relação ao mesmo, compartilhando as razões pelas quais a leitura será realizada (para conhecer uma nova história, para comparar com uma outra versão da mesma história) ajudando os alunos a dirigirem sua atenção para o propósito da leitura;
• Se estiver lendo um texto novo, o professor cria expectativas sobre a leitura que está sendo realizada, fazendo algumas perguntas sobre a continuidade da história para que os alunos façam antecipações e interferências: Quem será que vai ajudar a Chapeuzinho? Como o caçador vai salvar a vovó?;
• Realiza pausas no decorrer da leitura e faz perguntas que induzam os alunos a tirarem conclusões a partir das informações já fornecidas pelo texto até aquele momento para fazer interpretações: por que fulano está agindo assim? Ou: O que você faria numa situação como essa?;
• • Se os alunos não compreenderem o texto lido ou perderem alguma parte dele, o professor levanta questões que os façam tirar conclusões a partir do que compreenderam. Pode também reler trechos anteriores ou subseqüentes que favoreçam o entendimento do trecho não compreendido; pode remeter a pergunta ao grupo ou a um outro aluno para que outras crianças possam se manifestar e expressar suas opiniões;
• Se o conto for longo, para garantir a atenção e o envolvimento do grupo, o professor pode interromper a leitura no momento de maior suspense e usar esta interrupção como estratégia para criar nos alunos o desejo de continuar ouvindo a história;
• Se os alunos não entenderem alguma palavra ou expressão, o professor cria oportunidades para que eles procurem inferir o significado a partir do contexto. Para isso, por exemplo, relê o trecho e pede que os alunos tentem descobrir o significado daquela palavra ou expressão;
• Após a leitura, realiza uma roda de conversa com seus alunos sobre as suposições feitas durante a realização da leitura, o que levou cada um a pensar daquela forma etc;
• Após a leitura, também, pede que os alunos retomem a seqüência da história a partir das ilustrações, por exemplo;
• Compartilha com os alunos as qualidades textuais do conto lido – o fato de estar bem escrito, de possuir recursos lingüísticos específicos do gênero, de trazer informações precisas etc. e suas impressões sobre ele;
• Se os alunos, após a leitura não expressarem seus comentários e suas opiniões espontaneamente, alimenta a conversa falando o que achou do texto lido; fazendo perguntas mais dirigidas (qual a personagem mais engraçada, por exemplo, ou o que vocês fariam se fossem o fulano);
• Se o texto possui ilustrações que trazem informações não contidas no corpo do texto, chama a atenção dos alunos para este fato e conversa sobre isso.


Fonte: Referencial de Formação de Professores. São Paulo: CEDAC / Centro de Educação para a Ação Comunitária, 2002.

Projeto O Livro das Versões

PROJETO - O LIVRO DAS VERSÕES

Justificativa
Este projeto parte da leitura compartilhada com as crianças de uma obra de reconhecida qualidade literária. É interessante adequar a escolha dessa obra à faixa etária das crianças, então, por exemplo, ler contos de fadas em belíssimas e completas versões para as crianças de 3 e 4 anos e ler histórias mais longas, da literatura universal, por capítulos para crianças de 5 e 6 anos.
O projeto pressupõe que professores desenvolvam a prática da leitura em voz alta diária para seus alunos e requer que as crianças já tenham escutado a leitura de outros contos nas suas versões completas. No caso das crianças menores, por exemplo, com: Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, A Bela e a Fera, o Rei Sapo, Rapunzel ou Rumpelstiltskin. De outras idades, pode-se eleger, por exemplo, capítulos de livros como Robin Hood e Tristão e Isolda ou uma boa versão da Odisseia para crianças.
Uma vez que já tenha sido criado esse ambiente leitor em sala de aula, é o momento de escolher uma obra literária que aprecie muito, pois é importantíssimo esse laço do professor leitor com a obra literária, uma vez que o projeto tem como um de seus objetivos que os alunos tenham oportunidade de aprender com um bom modelo de leitor.
Recomenda-se que se converse com os alunos sobre o livro escolhido e se antecipem questões da história, criando, assim, um clima de suspense e curiosidade.
O professor deve comentar que, durante a leitura, podem surgir algumas dificuldades porque é uma obra que foi escrita muito tempo atrás e traz uma linguagem diferente daquela a que estão acostumados, mas que isso é muito bom e que eles vão descobrir palavras novas e muitas informações interessantes sobre uma época e um lugar diferentes dos nossos.
A escolha do livro ou texto se justifica por proporcionar uma situação significativa de fruição de uma obra literária de qualidade, da leitura de um texto longo, do contato com um vocabulário rico e da possibilidade de conviver com um modelo de leitor proficiente, elementos importantíssimos no processo de formação de leitores.


Objetivos e conteúdos
Os objetivos e conteúdos do projeto institucional O Livro das Versões são apresentados no quadro abaixo:

Objetivos:
• Criar um ambiente que facilitasse a imersão na cultura escrita;
• Potencializar o papel da professora um modelo de leitora para as crianças: modelo de ações, de expressões, de atitudes, de leitura;
• Possibilitar que as crianças se familiarizem com o vocabulário e linguagem literária;
• Favorecer, mediante a recepção de textos de autores consagrados, da capacidade de compreensão e de produção da linguagem escrita;
• Potencializar o papel da professora um modelo de escritora para as crianças: quando ela registra o texto oral com destino escrito produzido por elas; e
• Exercitar a reescrita (por meio do ditado à professora) como instrumento para se apropriar das construções, das regularidades e das particularidades dos livros.


Conteúdos:
• Leitura como uma fonte de prazer e entretenimento;
• Intercâmbio entre leitores;
• Gerenciamento da escrita: planejamento, textualização, revisão e edição; e
• Imersão em uma obra literária e construção de uma nova versão.


Público
Esse é um projeto que pode ser realizado com a Educação Infantil ou com os anos iniciais do Ensino Fundamental. Nesse material, o projeto teve o nível de desafio ajustado para crianças da Educação Infantil, portanto, o único cuidado antes de realizá-lo com crianças do Ensino Fundamental é adequar o nível de desafio para o que é ideal para esses alunos.


Prazo e estrutura
Entre a fase de planejamento, preparação e condução das atividades, estimase que o projeto tenha duração de três meses.
Para implantá-lo, são necessários os seguintes materiais: livros literários; materiais para registrar/revisar o texto ditado pelas crianças (papel craft, canetões); e materiais para a confecção do livro com a nova versão de uma história elaborada pela sala.


Etapas de desenvolvimento
Para se implementar O Livro das Versões, são necessárias as etapas abaixo:

Primeira etapa
Nessa etapa, é preciso cuidar da faixa etária do público envolvido e a implementação deve respeitar esta divisão. O objetivo é compartilhar com as crianças a ideia do projeto.
Para as crianças menores, o professor deve ler vários contos e, ainda, reler os preferidos. Depois disso, a sala vai escolher o conto de que as crianças mais gostaram e esse conto vai ser ditado pelas crianças para a professora para que todos juntos possam montar o livro da classe.
Com as crianças maiores, os professores devem ler um livro por capítulos e, no final da leitura do livro, eles vão contar a história para o professor. Deste ditado é que se montará um livro com a versão da sala para a história.
Segunda etapa
Deve-se compartilhar com as crianças ou decidir com elas para quê se destina o livro: sarau, exposição de livros, “leitura” para um público escolhido, presente para as crianças de outra sala ou de outra escola, etc.
Terceira etapa
Essa é a etapa de leitura da obra literária escolhida e também deve respeitar a faixa etária das crianças.
Para as crianças menores, deve-se ler um conto diferente a cada dia de uma semana e na semana seguinte retomar os títulos lidos (que podem estar registrados num cartaz, por exemplo). Depois disso, deve-se perguntar que história as crianças gostariam de ouvir de novo e reler as históriascomentadas para, enfim, escolher coletivamente a preferida da sala.
Para a leitura de histórias mais longas, com as crianças maiores, deve-se apresentar o livro que será lido, fazendo uma propaganda animada dele. Depois se inicia a leitura e, ao final da leitura de cada capítulo, propõe-se antecipar, junto com eles, os acontecimentos do próximo com base na leitura do próximo título e do levantamento de hipóteses sobre seu conteúdo, estimulando, assim, comentários e trocas de impressões sobre o capítulo lido.
Quarta etapa
A proposta desse momento é retomar da história para as crianças e iniciar a construção do texto. São as atividades desta etapa:
* Convidar as crianças a construírem sua própria versão da história que foi lida, ditando à professora a forma como se lembram dela, o que lhes chamou atenção, o que mais gostaram. Esse material será a base para a produção de um livro com as versões das crianças;
* Para começar a escrita, combinar com as crianças que elas vão ditar para a professora escrever, que todos devem participar, que devem procurar “caprichar” bastante, escolhendo palavras e formas de dizer que acharam bonitas na história;
*Combinar que todos vão fazer ilustrações e cuidar do acabamento do livro;
* Dividir a escrita da história em dois ou três dias, como for necessário, respeitando o ritmo das crianças (observe o momento em que as crianças começam a se dispersar, releia o que foi ditado e combine que continuam no próximo dia);
* A partir do segundo dia de escrita, reler o que já foi escrito e retomar coletivamente o que falta da história antes de solicitar que as crianças continuem a ditar a história;
* Quando terminar a escrita, escolher outro dia de aula para revisar o texto com eles (reler a história e perguntar de falta alguma coisa ou se eles querem mudar algo);
* Envolver as crianças na escrita do título, nomes dos capítulos e legendas das ilustrações. É importante para esse dia montar uma página com as “assinaturas” dos autores; e no final do processo, incluir no livro um pequeno texto coletivo produzido com as crianças, contando como foi o processo de escrita da nova versão.

Etapas finais
Uma quinta etapa seria a montagem do livro baseado no material produzido.
Depois de ter o material pronto, deve-se preparar com a turma o que seria a etapa final: organizar com elas um evento para apresentar o livro feito, o que pode ser um sarau, uma exposição, uma doação etc.


Avaliação
Ao decorrer do trabalho, é importante avaliar: os avanços das crianças com relação aos objetivos do projeto; o planejamento de intervenções individualizadas; e/ou o replanejamento e o reajuste das etapas do projeto em função desse processo.


* Fonte: Projeto Entorno - PMSP e Fundação Victor Civita, 2010

Projeto de Recuperação



ORIENTAÇÕES PARA A ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS DE APOIO


O grupo de apoio – recuperação contínua – é um dos dispositivos de intervenção, que tem a finalidade de oferecer um atendimento aos alunos que ainda necessitam de um trabalho intensivo para a aprendizagem da leitura e escrita, a partir das necessidades apresentadas. Trata-se, portanto, de uma intervenção mais incisiva no processo de aprendizagem dos alunos com vistas à conquista das expectativas de aprendizagem estabelecidas para a série.
Neste semestre, a ideia é agrupar por série os alunos que estão no início da leitura convencional e alunos com escrita não alfabética. Para esses, é importante que o agrupamento não seja numeroso, para que o professor tenha condições de intervir de forma mais incisiva no processo de aprendizagem.
O trabalho com alunos com pouco domínio da leitura consiste em ajudá-los a desenvolver a leitura autônoma; já com alunos com escrita não alfabética, o trabalho está em fazê-los compreender o funcionamento do sistema alfabético de escrita.
Quanto aos alunos com hipótese de escrita silábica alfabética é importante que participem desses dois grupos, em sistema de rodízio, ou seja, ora o estudante está num grupo como parceiro mais experiente, ora no outro com parceiro menos experiente.



Sugestão:

Reorganizar as séries 2 a 3 vezes por semana por um período de 1h a 1h30.
• Agrupamento – os professores das mesmas séries trocam entre si:
o Um professor fica com os alunos não alfabéticos. No caso da 1ª série, se houver muitos alunos nessa condição, formar grupos apenas de alunos que apresentam escrita pré-silábica, escrita silábica sem valor sonoro e silábica com valor sonoro. À medida que for diminuindo o
número de alunos com essas escritas, colocar o aluno com escrita silábico-alfabética também com esse grupo, pois ele é um excelente parceiro para o avanço do aluno com escrita silábica com valor sonoro.
Nas outras séries, em que provavelmente o número de crianças com escrita não alfabética é menor, o aluno com escrita silábico-alfabética desde o início pode alternar: ora fica num grupo (com os alunos com escrita alfabética), ora fica noutro (escrita não alfabética).
• Conteúdo proposto:
o Para o agrupamento de alunos não alfabéticos: reflexão sobre o sistema de escrita por meio de atividade de escrita, priorizando o uso de letras móveis. Esse trabalho será orientado na formação.
o Agrupamento de alunos alfabéticos – Leitura (autonomia, procedimentos, comportamentos e capacidades de leitura) e reflexão sobre o sistema ortográfico.
Não se esquecer de alternar a participação nos grupos dos alunos com escritas silábico-alfabéticas.

Alfabitização e diversão 1

JOGO: FEIJÕES MÁGICOS

Material: Saquinhos, feijões, papel e lápis
Jogadores: Três ou quatro alunos
Desenvolvimento: 
* Entregue para cada aluno um saquinho (que não deve ser transparente) com três feijões dentro, lápis e papel para o registro.
* Coloque no centro da mesa um recipiente com feijões e um dado.
* Antes de iniciar o jogo, dê a seguinte ordem: "Cada um de vocês tem dentro do saco três feijões mágicos, já colocados por mim. Um por vez, cada um irá lançar o dado e acrescentar no saco tantos feijões quantos saírem no dado. Depois farão o que acharem necessário com o lápis e o papel para poderem recordar quantos feijões há agora em seu poder."
* Ao final de três rodadas, os alunos deverão decidir, por meio dos registros, quem é o vencedor, ou seja, quem juntou mais feijões mágicos.
* Após descobrirem o vencedor, os alunos contam juntos a quantidade de feijões em seu saquinho. A vitória só será válida se a quantidade de feijões marcada equivaler à quantidade colocada no saco,ou seja, se tiverem conseguido acertar a notação.
OBS: Que tal antes do jogo ler para os pequenos a história "João e o pé de feijão"? Com certeza eles ficarão muito mais animados na hora de jogar...

Atividades para colorir Letras do Alfabeto